Fado no Mercado da Ribeira

Camané em apresentação no Mercado da Ribeira, em Lisboa.

Camané e David Fonseca em apresentação no Mercado da Ribeira, em Lisboa.

Três anos depois da elevação do Fado a Património Imaterial da Humanidade, e no dia em que se soube que o Cante Alentejano tinha recebido a mesma distinção, uma das mais bem-sucedidas fadistas da nova geração, e talvez o seu ponto de partida, Mariza, foi escolhida para transformar o “novo” Mercado da Ribeira, em Lisboa, numa casa de fados.

Os concertos arrancaram ontem com Camané, tendo como convidado David Fonseca. Continua hoje com António Zambujo, juntamente com os Virgem Suta, e amanhã será a vez da própria Mariza subir ao palco, tendo como convidados Miguel Gameiro e Jorge Fernando.

Em mais uma noite de temporal, isso não foi impedimento para que centenas de pessoas se deslocassem ao renovado Mercado da Ribeira para assistir ao concerto de um dos fadistas mais importantes e talentosos da nova geração deste género musical, que é sem dúvida uma das “bandeiras” de Portugal.

Acompanhado de uma guitarra, um contrabaixo, que dá um certo toque jazzístico ao instrumental que acompanha Camané, e uma guitarra portuguesa, o cantor deu um excelente concerto, revelando todo o seu potencial vocal. Como convidado, o fadista escolheu David Fonseca, que se aventurou pelos caminhos do fado, e que apesar de não ser a sua praia até se portou à altura, mas que também levou Camané a aventurar-se no seu universo, o que também resultou da melhor forma.

Foi uma noite memorável, que deixou a plateia ao rubro e mais uma vez convencida de que Camané é sem dúvida um dos principais símbolos do Fado.

Texto por João Catarino

Rodrigo Leão levou “O Espírito de um País” ao CCB

Com o grande auditório do Centro Cultural de Belém praticamente cheio, Rodrigo Leão, juntamente com os seus companheiros e convidado especial, levou um grande momento musical ao público presente, com a simplicidade e textura das suas melodias.

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O artista fez-se acompanhar por cinco músicos – dois violinistas, um violetista, um violoncelista e a ilustre Celina da Piedade ao acordeão e, volta e meia, ao metalofone. O autor de Ave Mundi Luminare ou Cinema apresentou o espectáculo “O Espírito de um País”, erguido a propósito da comemoração dos 40 anos do 25 de Abril, e que recentemente foi lançado em formato físico.
Para além dos inéditos, o concerto levou-o a revisitar alguns dos temas mais antigos do seu reportório (“Tardes de Bolonha”, “Vida tão Estranha” ou “La Fête”) e contou com a participação especial de Camané, alvo dos maiores aplausos da noite, para soberbas interpretações de “Voltar”, a já referida “Vida tão Estranha” e o inédito “Restos da Vida”, criado propositadamente para o espectáculo. Também Celina da Piedade deixou por momentos o seu fiel acordeão para dar voz a duas canções que Rodrigo Leão diz ter escrito em conjunto com Pedro Ayres Magalhães para os Madredeus, recebidas com agrado pela plateia.

Tratou-se também de um espectáculo visual. A meio do concerto, o pano traseiro subiu e revelou quatro colunas iluminadas a laranja, que foram mudando de cor e criando um ambiente muito próprio para cada tema tocado. Com apenas 7 músicos em palco, este tornou-se pequeno para tanto talento. A alegria e sorrisos que os músicos transmitiam através das suas expressões corporais e musicais, fazia qualquer um presente na sala querer estar no lugar deles e fazer música.

Ao longo de quase duas horas, Rodrigo Leão não só apresentou “O Espírito de um País” como elevou o espírito de cada um dos presentes que naquela noite se dirigiram ao CCB para testemunharem o magnífico talento de um dos maiores génios nacionais.

Texto por Gonçalo Dias, Laura Pinheiro e Teresa Colaço.

Foto de URUGU.