D’Alva no CCBeat

A dupla de Alex D’Alva Teixeira e Ben Monteiro celebrou um ano de #batequebate com uma grande festa no pequeno auditório do CCB.

Há cerca de um ano, quando editaram o seu disco de estreia (pela NOS Discos, onde está disponível para download gratuito), muito se falou de como os D’Alva eram uma “lufada de ar fresco” na pop nacional e do quão “descontraída” é a sua música.  É certo que o disco está repleto de pop festiva e primaveril, que provoca cantoria fácil e obriga o corpo a mexer (eles bem dizem que “toda a gente dança, toda a gente canta”). E é também verdade que são uma “banda da internet” – factor que esteve bem presente no CCB, mas já lá iremos. Sim, os D’alva souberam desde logo como construir rapidamente  um público atento e seguidor dos seus mt engrassades posts no Facebook, dos #prayfordalva no Instagram e das sempre pertinentes histórias de Snapchat. Mas, e apesar de ela estar lá muito presente, nem tudo é leveza em D’Alva.  Como poderíamos nós diminuí-los à frescura e à descontracção quando as três últimas canções do disco são tudo menos frescas e descontraídas? É fácil olhar para estes factores e catalogar a dupla de “Frescobol” como nada mais do que pop vazia de significado mas a verdade é que há muito mais em D’Alva do que isso. O concerto que deram no passado dia 19 de Junho, no pequeno auditório do CCB provou isso mesmo.
Quando saía do pequeno auditório do CCB estava meia plateia em palco a tirar uma fotografia de grupo com D’Alva e convidados. O final de concerto foi digno de final de festa de aniversário como deve ser: piñata (em forma de cardinal de hashtag, claro), muito confetti no ar e muita dança e boa disposição. Foi “Frescobol” que fechou o concerto, que desde o início se adivinhava que ia ser muito mais do que isso. Pelo meio, houve muita emoção, muito telemóvel em riste e muitos agradecimentos.
Depois de ter aparecido aos saltos no meio da multidão, Alex D’Alva Teixeira esclareceu que, ao contrário do aviso dado mesmo antes do início do espectáculo, os D’Alva não só permitiam a captação de imagem do concerto como a incentivavam. “Tirem fotos, filmem, ponham na internet e usem a hashtag #somosdalva”. “Aquele Momento” abriu as hostes e desde logo a maioria da plateia abandonou as cadeiras: estava lançado o mote para uma noite de festa. Festa essa que mereceu projecções em vídeo que durante todo o concerto mostraram imagens oriundas do maravilhoso mundo da internet: vimos hashtags, memes variados, gifs e personagens que normalmente nos ocupam as timelines das redes sociais, mas também ilustrações especialmente feitas para algumas canções e visuais que se encaixavam perfeitamente nas canções. “Não Estou a Competir” trouxe um pouco de anos 80, e abriu caminho para $egredo,  3 Tempos (que proporcionou uma pequena viagem no tempo a Alex D’Alva Teixeira Não É Um Projecto (2012) – o EP onde Alex se apresentava a solo mas já trabalhava com Ben Monteiro) e “Lugar Estranho”. Os refrões são sempre certeiros, a maior parte do público que ocupa praticamente toda a sala tem as letras na ponta da língua e solta danças e palmas espontaneamente. Em palco, Alex e Carolina (voz), parecem ter uma divertida coreografia para cada um dos temas. A certa altura, ouvimos uma pequena incursão em “Seven Nation Army”, um crowd pleaser garantido em qualquer estádio de futebol mas claramente não necessário aqui: há material mais que suficiente em #batequebate para cantarmos, dançarmos e fazermos a festa, obrigada.

Como bom anfitrião, Alex avisa que os ânimos vão acalmar e a plateia senta-se em expectativa. A projecção atrás da banda fica completamente vermelha, deixando apenas distinguíveis as silhuetas dos músicos em palco. Assim começa “Só Porque Sim”, que contou com a ajuda do convidado especial Diogo Piçarra e o seu inconfundível timbre, e que acabou por se transformar em “Tu e Eu”, canção original do vencedor da última edição do «Ídolos». Seguiu-se mais uma parceria, desta vez com Isaura, a “princesa da pop”. Já tinha ouvido “Sempre Que o Amor me Quiser” no Musicbox, em Abril, mas desta vez soou ainda melhor. A versão do original de Lena D’Água supera as melhores expectativas e as vozes de Alex, Isaura e Carolina encaixam na perfeição. A “canção mais difícil de tocar” que Alex apresenta logo de seguida é “Primavera”, momento alto do concerto. Talvez a faixa mais forte do disco, para além da letra, é o facto de ser tão despida e minimalista (comparativamente ao resto do álbum) que lhe dá tanto impacto. Ao vivo, toda a intensidade já sentida na gravação se multiplica, e enquanto Alex canta a irregularidade do respirar, nós também a sentimos.

Pausa para recuperar deste estrondoso momento e on with the show. “Homologação” começa calma mas rapidamente recupera o ambiente efusivo que vai aquecendo ainda mais em “Barulho” (I + II) e que continuou sem parar, pelo menos até alguém ter de subir ao palco e partir uma piñata, mas um bocadinho de suspense nunca fez mal a ninguém. Noite ganha para a dupla revelação da pop nacional, que deixa o público, mais uma vez, ansioso pelo próximo concerto.
Texto de Teresa Colaço.

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